A Moreninha
Joaquim Manuel de Macedo
D. Carolina passou uma noite cheia de pena e de cuidados, porém já menos ciumenta e despeitada; a boa avó livrou-a desses tormentos. Na hora do chá, fazendo com habilidade e destreza cair a conversação sobre o estudante amado, dizendo:
- Aquele interessante moço, Carolina, parece pagar-nos bem a amizade que lhe temos, não entendes assim?...
- Minha avó...eu não sei.
- Dize sempre, pensarás acaso de maneira diversa?...
A menina hesitou um instante e depois respondeu:
- Se ele pagasse bem, teria vindo domingo.
- Eis uma injustiça, Carolina. Desde sábado à noite que Augusto está na cama, prostrado por uma enfermidade cruel.
- Doente?! Exclamou a linda Moreninha, extremamente comovida. Doente?...em perigo?...
- Graças a Deus, há dois dias ficou livre dele; hoje já pôde chegar à janela, assim me mandou dizer Filipe.
- Oh! Pobre moço!... se não fosse isso, teria vindo ver-nos!...
E, pois, todos os antigos sentimentos de ciúme e temor da inconstância do amante se trocaram por ansiosas inquietações a respeito de sua moléstia.
No dia seguinte, ao amanhecer, a amorosa menina despertou, e buscando o toucador, há uma semana esquecido, dividiu seus cabelos nas duas costumadas belas tranças, que tanto gostava de fazer ondear pelas espáduas, vestiu o estimado vestido branco e correu para o rochedo.
- Eu me alinhei, pensava ela, porque enfim... hoje é domingo e talvez... como ontem já pôde chegar à janela, talvez consiga com algum esforço vir ver-me.
E quando o sol começou a refletir seus raios sobre o liso espelho do mar, ela principiou também a cantar sua balada:
“Eu tenho quinze anos
E sou morena e linda”.
Mas, como por encantamento, no instante mesmo em que ela dizia no seu canto:
“Lá vem sua piroga
Cortando leve os mares”
Um lindo batelão apareceu ao longe, voando com asa intumescida para a ilha.
Com força e comoção desusadas bateu o coração de d. Carolina, que calou-se para empregar no batel que vinha atentas vistas, cheias de amor e de esperanças. Ah! Era o batel suspirado.
Quando o ligeiro barquinho se aproximou suficientemente, a bela Moreninha distinguiu dentro dele Augusto; sentado junto a um respeitável ancião, a quem não pôde conhecer (...).
(...)
Augusto, com efeito, saltava nesse momento fora do batel, e depois deu a mão a seu pai para ajudá-lo a desembarcar; d. Carolina, que ainda não mostrava dar fé deles, prosseguiu seu canto até que quando dizia:
“Quando há de ele correr
Somente para me ver...”
Sentiu que Augusto corria para ela. Prazer imenso inundava a alma da menina, para que possa ser descrito; como todos prevêem, a balada foi nessa estrofe interrompida e d. Carolina, aceitando o braço do estudante, desceu do rochedo e foi cumprimentar o pai dele.
Ambos os amantes compreenderam o que queria dizer a palidez de seus semblantes e os vestígios de um padecer de oito dias, guardaram silêncio e não tiveram uma palavra para pronunciar; tiveram só olhares para trocar e suspiros a verter. E para que mais?
01. D. Carolina estava atormentada pelo ciúme e despeito devido
a) as conversas que ela tinha com a avó.
b) ao não comparecimento de Augusto a sua casa.
c) as informações que Filipe deu sobre Augusto.
d) ao bom conceito que a avó tinha de Augusto.
02.A conversa entre d. Carolina e sua avó sobre o estudante amado pela jovem foi
a) esclarecedora b) desmotivante c) entediante d) animadora
03. O ciúme e o despeito de d.Carolina foi substituído
a) pela esperança e serenidade diante das informações dadas pela avó.
b) pelo alívio e tranqüilidade por causa do recado de Filipe.
c) pelas ansiosas inquietações a respeito da doença de Augusto.
d) pela culpa de ter julgado mal seu amado.
a) queria ir visitar o amado.
b) tinha esperança de ser visitada pelo amado.
c) recuperou-se do ciúme e do despeito.
d) foi aconselhada pela avó a cuidar-se.
05. “Com força e comoção desusadas bateu o coração de d. Carolina...”, o termo em destaque significa
a) enormes b) constantes c) incomuns d) reais
06. O reencontro de d. Carolina e Augusto foi
a) cheio de declarações de amor.
b) cheio de questionamentos.
c) marcado pela indiferença e dúvidas.
d) marcado pela troca de olhares e suspiros.
Gabarito: 01. b 02. a 03. c 04. b 05. c 06. d
Obrigado pelos exercícios! Acho que também seria muito interessante o desenvolvimento de perguntas sobre o livro como um todo.
ResponderExcluirAMEI!!!
ResponderExcluirVou Tirar 10 na prova de Literatura hoje"
ResponderExcluirBom dia ...
ResponderExcluirAmei suas avaliações, porém estou precisando de uma interpretação textual do Primo Basilio... será que poderia ajudar-me?
Obrigada
marcia.martha45@hotmail.com
v alew vou tirar 10 hj kk
ResponderExcluireu preciso do reso vai até a 10 pra mim.
ResponderExcluir07) No fragmento: “o amor é um menino doidinho e malcriado que , quando alguém intenta refreá-lo , chora, esperneia, escabuja”, e no outro “... amor é um anzol que ,quando se engole, agadanha-se logo no coração da gente...” temos uma figura de linguagem chamada :
a) metonímia
b) personificação
c) metáfora
d) antítese
08) No primeiro capítulo do livro, Augusto fez com Felipe uma aposta. Quem perdesse deveria escrever a história dos acontecimentos em casa de D. Ana. Perdida a aposta, Augusto cumpriu a promessa e escreveu A Moreninha. Vamos escrever como isso aconteceu, numerando os fatos relacionados abaixo de acordo com a ordem em que eles se sucederam no romance.
( ) Carolina percebe que ama Augusto.
( ) Augusto se dá conta que começa a amar Carolina.
( ) Augusto declara seu amor a Carolina.
( ) Augusto acha Carolina estouvada, caprichosa e feia.
( ) Carolina revela-se a menina a quem Augusto fizera o juramento de amor. Os dois ficam noivos.
( ) Perdida a aposta, Augusto escreve o livro.
( ) Augusto adoece de amor pela Moreninha, em função do juramento que fizera na infância.
9) Se você reparou bem há um mistério que envolve as vidas de Augusto e de Carolina. Os dois vivem presos a um fato que foi muito importante para eles. Qual foi esse acontecimento?
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10) Leia e responda: “[...] porém não posso mais esconder estes sentimentos que eu penso que são segredos e que todo mundo mos lê nos olhos!” Com qual dos provérbios seguintes essa fala de Augusto se relaciona:
a) Longe dos olhos, longe do coração.
b) O que os olhos não veem o coração não sente.
c) Os olhos são a janela da alma.
d) Em terra de cego quem tem um olho é rei.
Em relação ao que eu entendi do livro acho que as respostas são estas
Excluir7- c) metáfora
10- c) Os olhos são a janela da alma
9- A promessa que fizeram de se casarem, quando
Excluirainda eram crianças
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirQUERIA SABER 8º
ExcluirTambém quero sabe??
ExcluirExcelente publicação!!!
ResponderExcluir14) No texto, o que significa " um bravissimo inopinado" ? Por que seria inopinado?
ResponderExcluir15) podemos afirmar que na primeira metade do século passado já se fazia notar a distância entre gerações?
16) O que moveria o " ataviado dândi " á dirigir mil finezas á uma senhora idosa?
Quero saber qual é á resposta
14) No texto, o que significa " um bravissimo inopinado" ? Por que seria inopinado?
ResponderExcluir15) podemos afirmar que na primeira metade do século passado já se fazia notar a distância entre gerações?
16) O que moveria o " ataviado dândi " á dirigir mil finezas á uma senhora idosa?
Quero saber qual é á resposta
1: A quais objetos Carolina se referiu para mostra quem era para Augusto?
ResponderExcluir2: Augusto, por desleixar nos estudo, é proibido de ver carolina. Oque acontece com Augusto?
me ajudem.07)no texto lido predomina o diálogo,que contradições Leopoldo identifica na fala de Augusto?
ResponderExcluirE sou morena e linda
ResponderExcluir”.
Com força e comoção desusadas bateu o coração
ResponderExcluirde d. Carolina, que calou-se para empregar no batel que vinha atentas vistas, cheias de amor e de esperanças. Ah! Era o batel suspirado.
- Oh! Pobre moço
ResponderExcluir!... se não fosse isso, teria vindo ver-nos!...
Com força e comoção desusadas bateu o coração de d. Carolina, que calou-se para empregar no batel que vinha atentas vistas, cheias de amor
ResponderExcluire de esperanças.
Doente?! Exclamou a linda
ResponderExcluirMoreninha, extremamente comovida. Doente?...em perigo?...
Perfeito a interpretação
ResponderExcluirde texto
Bem elaborado as perguntas
ResponderExcluirDá pra estudar para concursos
ResponderExcluirSe você reparou bem há um mistério
ResponderExcluirque envolve as vidas de Augusto e de Carolina. Os dois vivem presos a um fato que foi muito importante para eles. Qual foi esse acontecimento?
“Com força e comoção desusadas bateu o coração
ResponderExcluirde d. Carolina...”, o termo em destaque significa?
Sobre o gabarito
ResponderExcluir, tá corrigido?
Quero mais atividades como esta
ResponderExcluir, quem tiver pode me passar?
Quero montar um blog
ResponderExcluircomo o seu, me dar umas dicas?
Vou expor atividades
ResponderExcluirparecidas
ResponderExcluirO ideal seria colocar atividades de todas as matérias seu blog
, o que acha?
ResponderExcluirSuper interessante os artigos colocados aqui
, tem alguns que são novidade pra mim..
Grande benefício para os leitores ter artigos
ResponderExcluircomo estes, parabéns!
Quero sabe á resposta da 8)
ResponderExcluirPq o autor colocou esse nome? Me ajudem nessa pergunta!
ResponderExcluirEsse título!**
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