sexta-feira, 26 de agosto de 2011

I-JUCA PIRAMA - CANTO VIII, Gonçalves Dias - Poema/ questões objetivas/ gabarito

I-Juca Pirama – Canto VIII
Gonçalves Dias

Tu choraste em presença da morte?
Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
De uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros,
Seres presa de vis Aimorés.

Possas tu, isolado na terra,
Sem arrimo e sem pátria vagando,
Rejeitado da morte na guerra,
Rejeitado dos homens na paz,
Ser das gentes o espectro execrado;
Não encontre amor nas mulheres,
Teus amigos, se amigo tiveres,
Tenham alma inconstante e falaz!

Não encontre doçura no dia,
Nem as cores da aurora te ameiguem,
E entre as larvas da noite sombria
Nunca possas descanso gozar:
Não encontres um tronco, uma pedra,
Posta ao sol, posta às chuvas e aos ventos,
Padecendo os maiores tormentos,
Onde possas a fronte pousar.

Que a teus passos a relva se torre;
Murchem prados, a flor desfaleça,
E o regato que límpido corre,
Mais te acenda o vesano furor;
Suas águas depressa se tornem,
Ao contacto dos lábios sedentos,
Lago impuro de vermes nojentos,
Donde fujas com asco e terror!

Sempre o céu, como um teto incendido,
Creste e punja teus membros malditos
E oceano de pó denegrido
Seja a terra ao ignavo tupi!
Miserável, faminto, sedento,
Manitôs lhe não falem nos sonhos,
E o horror os espectros medonhos
Traga sempre o cobarde após si.

Um amigo não tenhas piedoso
Que o teu corpo na terra embalsame,
Pondo em vaso d’argila cuidoso
Arco e frecha e tacape a teus pés!
Sê maldito, e sozinho na terra;
Pois que a tanta vileza chegaste,
Que em presença da morte choraste,
Tu, cobarde, meu filho não és.

01. O eu-lírico do poema dirige suas palavras
a) aos Aimorés         b) ao filho            c) ao leitor            d) aos tupis

02. No verso “Pois choraste, meu filho não és!”, o eu-lírico
a) renega o filho
b) amaldiçoa o filho
c) ignora o filho
d) engana o filho

03. O questionamento expresso nos dois primeiros versos expressa um sentimento de
a) impaciência         b) estranheza        c) desespero         d) ansiedade

04. Para o eu-lírico, o fato do filho ter chorado diante dos inimigos é um motivo de
a) orgulho            b) tristeza             c) preocupação         d) vergonha

05. Pela leitura do poema pode-se afirmar que
a) O pai compreende a atitude do filho.
b) O filho justifica sua atitude diante das acusações.
c) A coragem é um atributo essencial para o eu-lírico.
d) O pai deseja que o filho se desculpe diante da tribo.

06. Dentre os infortúnios evocados pelo eu-lírico, há o desejo de que o filho viva privado de seu papel social. Esse desejo é expresso nos versos
a) “E entre as larvas da noite sombria
      Nunca possas descanso gozar:”
b) “Sempre o céu, como um teto incendido,
      Creste e punja teus membros malditos”
c) “Implorando cruéis forasteiros
     Seres presa de vis Aimorés”
d) “Possas tu, isolado na terra,
      Sem arrimo e sem pátria vagando”

07. Uma punição ao filho advinda da natureza é expressa no verso
a) “Não encontre amor nas mulheres”
b) “Um amigo não tenhas piedoso”
c) “Não encontre doçura no dia’
d) “Manitôs não falem nos sonhos,”

08. O último infortúnio evocado pelo pai para o filho é
a) não ter consolo nas suas crenças.
b) não ter água para matar a sua sede.
c) não poder desfrutar do descanso noturno.
d) não ter os rituais realizados depois da morte.

Gabarito: 01. b 02. a 03. b 04. d 05. c 06. d 07. c 08. d


23 comentários:

  1. Muito bom, obrigada. Me ajudou a ter uma interpretação melhor do poema.

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  2. Possas tu, isolado na terra,
    Sem arrimo e sem pátria vagando,
    Rejeitado da morte na guerra,
    Rejeitado dos homens na paz
    ,
    Ser das gentes o espectro execrado;
    Não encontre amor nas mulheres,
    Teus amigos, se amigo tiveres,
    Tenham alma inconstante e falaz!

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  3. Que a teus passos a relva se torre;
    Murchem prados, a flor desfaleça,
    E o regato que límpido corre,
    Mais te acenda o vesano furor;
    Suas águas depressa se tornem,
    Ao contacto dos lábios sedentos,
    Lago impuro de vermes nojentos
    ,
    Donde fujas com asco e terro

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  4. Possas tu, isolado na terra,
    Sem arrimo e sem pátria vagando,
    Rejeitado da morte na guerra,
    Rejeitado dos homens
    na paz,
    Ser das gentes o espectro execrado;
    Não encontre amor nas mulheres,
    Teus amigos, se amigo tiveres,
    Tenham alma inconstante e fala

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  5. Um amigo não tenhas piedoso
    Que o teu corpo na terra embalsame,
    Pondo em vaso d’argila cuidoso
    Arco e frecha e tacape a teus pés!
    Sê maldito, e sozinho na terra;
    Pois que a tanta vileza
    chegaste,
    Que em presença da morte choraste,
    Tu, cobarde, meu filho não és.

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  6. Não encontre amor
    nas mulheres,
    Teus amigos, se amigo tiveres,
    Tenham alma inconstante e falaz!

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  7. Lago impuro de vermes nojentos,
    Donde fujas com asco e terror
    !

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  8. “Possas tu, isolado na terra
    ,
    Sem arrimo e sem pátria vagando”

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  9. Não encontres um tronco, uma pedra,
    Posta ao sol, posta às chuvas
    e aos ventos..

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  10. Tenham alma inconstante e falaz
    !

    Cada palavra diferente, né? rsrs

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  11. Incrível as atividades
    , gostei muito! Ajuda bastante nos estudos diários

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  12. Como é gratificante encontrar artigos como este
    , bem interessante.

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  13. Faço projeto de estudos com crianças aqui na minha cidade, adorei seu site
    !

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